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VALE A PENA LER DE NOVO

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Hoje o passado tem futuro

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Hoje, cedinho, dei de comer às saudades.

O passado passado a limpo sempre volta

Melhor e a vida se amplia, de dentro pra fora,

Transformando coisas velhas em novidades.

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É engraçado rever suscetibilidades,

Mágoas, desilusões, ódios sob a escolta

Da distância e da paciência que agora

Me fazem ver um mundo de felicidades.

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Errei por muito, acertei por pouco, e daí?

Sonhei como um louco, tanto que confundi

Alhos com bugalhos e pela entrada eu saí.

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Mas, neste momento, olhando o passado, ri,

Ri de tudo, ri de mim mesmo, ri por rir,

Ri até virar do avesso e não ter pra onde ir!

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Antonio Thadeu Wojciechowski

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A dor me faz ver estrelas

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Sou poeta, hipérbole dantesca imoral,

Espécime rara, de estirpe quase extinta,

Anjo, fantasma, guarda, pó do sobrenatural,

A caminho dos sentidos e do que sinta.

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Essa palavra que agora engasga é tal-

Vez a única ligação mundana que ainda

Guardo e faço questão de manter. Bem ou mal.

A minha doce vingança será maligna.

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Oh, vida! Oh, céus! Oh, azar de ser mortal!

Viver anos a fio, dia e noite, noite e dia,

Até se dissolver em som na última linha.

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Mas essa desagregação material

É a mesma reconstrução que aos astros anima

E torna divina a natureza animal!

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Antonio Thadeu Wojciechowski

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Vida de Poeta

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Até onde vou, todo mundo sabe,

Vou ver se ainda estou na esquina

Antes que essa poesia louca acabe

E eu já não saiba a que ela se destina.

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O coração no peito rufa, bate,

Escoiceia e vai ao encontro da rima,

Como um cão que pra própria cauda late,

E dá voltas, e, em círculos, gira.

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Talvez esse lirismo que me invade

E me leva a escrever linha após linha

Seja só ego e o cúmulo da vaidade.

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Pode ser também apenas a idade,

Lindezas que o tempo na gente inspira,

Depois de tanta espera na fila!

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Antonio Thadeu Wojciechowski

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Idéia de chuva

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Segunda-feira, vinte e dois de maio,

Curitiba amanheceu de cara azeda.

Frio, é hoje que de casa eu não saio,

E, pra esse frio com chuva, a receita

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É fazer o que me der na veneta.

Está bom pra escrever, não dá trabalho,

É só sentar a bunda na banqueta

E algo acontece quando me distraio!

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Um bom poema cai do céu como um raio,

Dá pra ver quando o poeta tem estrela.

A idéia, por incrível que pareça,

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Surge do nada, vem, bate de estalo,

Se ajusta à palavra que a esclareça

E pronto, está feito o estrago!

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Antonio Thadeu Wojciechowski

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~ por polacodabarreirinha em 24/05/2009.

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